Na fase mais fértil do ciclo menstrual, a Fase Folicular Tardia (FFT), mulheres que não tomam anticoncepcional hormonal (AH) são consideradas mais atraentes pelos homens do que quando estão na fase menos fértil, ou Fase Lútea (FL). Isto é o que indicam os resultados de um estudo desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP).
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O levantamento foi feito no Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, pela psicóloga Lina María Perilla-Rodríguez. A tese de doutorado "A atratividade facial feminina em função da etapa do ciclo menstrual" foi defendida em fevereiro de 2012, sob orientação do professor Sérgio Fukusima.
Durante a pesquisa, duas fotos do rosto de 18 mulheres (dos 18 aos 42 anos) em fase reprodutiva eram apresentadas a 64 voluntários do sexo masculino, maiores de 18 anos, que deviam apontar a mais atraente e indicar um nível de 'atratividade' para cada retrato.
Em uma das etapas do estudo, 62% dos rostos fotografados na fase fértil foram escolhidos como mais atraentes, contra 38% na fase infértil. Em outra etapa, na qual foram excluídos da foto elementos externos, como cabelos e orelhas, o resultado alterou-se para 58% na fase fértil, contra 42% na infértil.
O estudo também comparou a variação da atratividade entre mulheres que faziam uso de anticoncepcional hormonal (AH) e outras que não utilizavam o anticoncepcional. Para isso, foram avaliados os rostos de mais 18 mulheres, usuárias de AH, fotografadas nos períodos correspondentes à FFT e FL de um ciclo menstrual ovulatório normal.
Jogo da Conquista : A atração não é uma escolha
Um achado importante da pesquisa foi descobrir que não houve diferença significativa no julgamento da atratividade entre os rostos destas mulheres nas duas etapas do ciclo: 52% de preferência pelos rostos fotografados na fase fértil (FFT), contra 48% pelos rostos da infértil.
Segundo Lina María nas mulheres que fazem uso de anticoncepcional, não ocorrem as mudanças hormonais características do ciclo menstrual e essa pode ser uma das razões pelas quais não são detectadas alterações na atratividade. Ou seja, “o uso ou não do anticoncepcional pode influenciar na atratividade da mulher”, conclui.
O que muda na mulher?
Após a finalização da pesquisa, a psicóloga também fez uma observação dos rostos das mulheres em nível qualitativo, percebendo certas alterações nos rostos daquelas que não usavam anticoncepcionais.
“Basicamente, o que muda são os tecidos moles do rosto: os lábios ficam um pouco mais volumosos, e o rosto fica mais arredondado na região das bochechas. Mas são mudanças muito sutis”, relata Lina.
Apesar disso, para melhores conclusões sobre essas diferenças seriam necessários novos estudos voltados especificamente para a identificação das características do rosto e outras partes do corpo feminino que sofrem alterações conforme o ciclo menstrual.
Segundo Lina María, essas constatações respaldam estudos que afirmam que o ser humano, mesmo inconscientemente, é hábil para perceber pequenas mudanças no outro, entre elas a fertilidade feminina. Neste caso, essas pequenas mudanças que os homens percebem no rosto das mulheres no período fértil do ciclo apontam nessa direção. Como seres biológicos que nós somos, diz a cientista, respondemos ao objetivo de toda espécie que é a reprodução. Logo, esta capacidade de percepção seria conveniente para a escolha da melhor parceira para procriação.
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