Desde tempos imemoriais as mulheres sofrem com os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM). Entretanto, a síndrome foi descrita cientificamente pela primeira vez apenas em 1931, pelo neurologista norte-americano Robert Frank, que cunhou a nomenclatura pela qual é mais conhecida até hoje. Na ocasião, o médico registrou que parcela de suas pacientes sofria de alteração brusca de humor – observação também feita séculos antes por Hipócrates – nos dias que antecediam a menstruação, e que tal quadro desaparecia durante ou imediatamente após o período de sangramento.
Decorridas várias décadas, a medicina ampliou significativamente os conhecimentos sobre a TPM. Atualmente já se sabe, por exemplo, que cerca de 80% das mulheres enfrentam algum desconforto por causa da tensão. Destas, 35% são forçadas a recorrer à ajuda médica.
“Ainda não se pode identificar com exatidão a causa da TPM, mas seguramente ela está ligada às alterações hormonais da segunda fase do ciclo, quando ocorre queda acentuada dos níveis de estrogênio, aumento dos de progesterona e presença variável dos de testosterona”, afirma o ginecologista e administrador em saúde Odair Albano, especialista pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Ele destaque que outra consequência comum associada à TPM, e que traz grande aborrecimento às mulheres, é o surgimento de problemas de pele, principalmente acne. “Isso acontece justamente por causa das mudanças hormonais. A pele é influenciada pelos hormônios. O estrogênio, por exemplo, exerce papel de destaque no processo de nutrição e na preservação dos níveis adequados de hidratação e oleosidade da pele”, explica dr. Albano. Devido ao mencionado aumento progressivo da progesterona, que tem como precursores os androgênios (hormônios masculinos), as glândulas sebáceas passam a secretar em maior quantidade o sebo, substância oleosa responsável pela proteção dos pelos e da superfície do corpo.
Com frequência, o problema leva à obstrução do folículo piloso, estrutura que dá origem ao pelo. “Em seguida, ocorre um processo inflamatório que resulta no aparecimento da acne”, detalha o ginecologista. Um exemplo da relação entre hormônios e pele, reforça o médico, pode ser observado quando do uso de anticoncepcionais que empregam na sua formulação derivados da testosterona. “Nesse caso, normalmente há uma piora na qualidade da pele”. Hoje em dia pouco se utiliza este tipo de pílula em mulheres com pele com tendência acnéica.
É possível, porém, tomar alguns cuidados para reduzir esse tipo de efeito da TPM. O primeiro deles é adotar uma alimentação saudável, composta por cereais integrais, frutas, legumes, verduras e carnes magras, preferencialmente de peixe. “Alguns alimentos contribuem para reduzir os sintomas da TPM, como aqueles que contêm fibras. De outro lado, é importante diminuir o consumo de sal e açúcar refinado, que potencializam o inchaço e a fadiga, bem como de álcool, bebidas à base de cafeína e gordura saturada”, aconselha.
Em relação aos problemas específicos de pele, Odair Albano recomenda algumas ações complementares. De acordo com o ginecologista, é importante manter a pele sempre limpa, devidamente hidratada e protegida da ação dos raios solares. “É indispensável o uso de protetor solar”, pontua. Também é preciso evitar cosméticos que possam acarretar a obstrução dos poros. “Outra possibilidade é o uso de anticoncepcionais que trazem na sua composição estrogênio e progestogênio, desde que haja recomendação médica. Estudos científicos demonstram que o medicamento proporciona um considerável efeito antiacne”, diz. Conforme o ginecologista, nada impede que as mulheres façam tratamentos de pele durante o período menstrual.
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